Acredito que se visitarmos um presídio contemplaremos uma verdade sobre a questão Fé e obras. A maioria dos presidiários se dizem inocentes dos crimes que cometeram enquanto suas obras testemunham o contrário. Isto traduz em fato o que São Tiago nos diz, quando diz :

“De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” (Tg 2,14-18)

A semelhança provém do fato que é pelas nossas obras em concordância com nossas palavras definirem aquilo que somos. O que faz de um homem verdadeiro ou mentiroso, é justamente a concordância ou a discordância entre palavra e obras, ou palavra e fatos. Disso pode-se concluir que um homem pode ter Fé em palavra e não tê-la em ato, pode não ter Fé em palavra e tê-la em ato (Isso é difícil) ou ainda pode ter Fé em palavra e em ato.

As boas obras e a Fé não são a mesma coisa pelo simples fato de que a verdadeira Fé não move, ela é movida pelo amor, por isso São Paulo nos diz:

“A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê.” (Hebreus 11,1)

Onde fundamenta-se a esperança o amor trabalha. Ninguém pode esperar algo se não trabalhar pela sua aquisição e a aquisição da salvação tem como preceito amarmos uns aos outros como Cristo nos amou e isto é a força motriz de nossa Fé. Por causa disso São Paulo também nos diz:

“Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.” (1 Cor 13,2)

Neste versículo podemos comprovar o que foi dito sobre a Fé não mover mas ser movida. A Fé que transporta montanhas não é a mesma Fé que nos salva, outros interesses movem está Fé que estão fora da caridade. E se está Fé que é capaz de transportar montanhas nada é se não possuir caridade, ela poderá salvar o homem?

Creio que não, pois a Fé está para a Caridade como a Matemática está para Física e separando uma da outra a segunda torna se ineficaz, por isso também diz o Apóstolo dos Gentios:

“A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. (…) Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade.” (1 Cor 13,8.13)

Quando chegar o que é perfeito o imperfeito desaparecerá e a Fé também já não mais existirá, pois o que agora vemos em parte (Heb 11,1), nós veremos face a face (1 Cor 13,12). Dessa forma quando Cristo voltar e concretizar tudo aquilo que está escrito, a Fé deixará de existir para dar lugar a realidade que ela nos propõem.

Enfim, a Fé nasce da reciprocidade do amor entre nós e Cristo. Todo homem antes de crer em Jesus o amou antes de nele crer pelo amor que dele primeiramente recebeu. Nisso podemos ver na prática o ensinamento dele de dar e receber. Primeiramente ele nos deu seu amor visando a nossa salvação e nós visando a nossa salvação e o reconhecimento daquilo que ele é o amamos. Disso nasce a Fé que deve ser seguida no seu rumo que é a nossa salvação.

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